Viver no mundo atual não é fácil.
Não se trata apenas das questões de conseguir garantir o essencial para a
(sobre)vivência diária, a sustentabilidade das famílias, empregos, grupos de
pertença.
A pressão é enorme, uma parte
dela resultado da grave crise económica que demora em sarar. Frequentemente a
incerteza de tudo paira à nossa volta. Principalmente à volta da estabilidade
do emprego e dos salários. A vida vive-se em tons precários. Esta pressão
dificulta para a maioria das pessoas a fixação de metas e objetivos, o
estabelecimento de expectativas, pelo risco da incerteza. Definir metas que se
revelem inatingíveis cria outra pressão, esta psicológica, a qual associada à
questão da frustração induz a crises de depressão. Estas também têm dificuldade
em se desvanecer.
Já não chega de nos preocuparmos
com as nossas realidades individuais, sobressalta-nos os problemas do mundo
inteiro como se fossem abater-se sobre nós com um impacto nunca antes
congeminado.
O xadrez geopolítico mundial
passa pela situação mais critica desde há muitos anos, desde a Guerra Fria.
Aparentemente, os EUA continuam a
exibir a sua posição hegemónica. Porém, essa posição está a ser disputada, hoje
mais, que nos tempos das guerras do golfo, do Afeganistão, ou do problema do 11
de Setembro.
A questão da Ucrânia, a anexação
da Crimeia, os problemas do Médio Oriente, entre a Palestina (Gaza) e Israel, a
crise do ébola e principalmente a ameaça que constitui o Estado Islâmico do
Iraque e Levante (EIIL), ISIL na sigla em língua inglesa. Este grupo radical
que professa o islamismo sunita pretende implantar um califado, primeiramente
na região do Levante (Iraque, Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e a
parte Sul da Turquia). Pretende expandir o seu domínio a todas as áreas e
países de maioria muçulmana e completar o projeto ocupando todo o território
dos tempos áureos da civilização muçulmana da Idade Média, com a ocupação da
Península Ibérica.
O atual líder, auto proclamado
Califa é Ibrahim Awwad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai também conhecido pelos nomes de Abu Bakr al-Baghdadi, Abu
Bakr Al-Baghdadi Al-Husseini Al-Qurashi e agora também como Amir al-Mu'minin Califa Abrahim.
Provavelmente a
maioria subestima a ameaça. É mais um maluco, fanático e radical islamista,
votado com as suas ideias ao insucesso. Perseguiu, matou tentou extinguir os
cristãos e os Yazidi do território iraquiano que controla (ou eram convertidos
ou mortos). Faz verdadeiras limpezas étnicas nas áreas controladas por este
grupo. E promete fazer cumprir as tradições islâmicas de forma rigorosa.
Ao mesmo tempo
que fazem mossa no Iraque e na Síria irão testar Israel (que assim terá que
abrir outra frente de batalha -urge pacificar Gaza e a Palestina, para virar
atenções para outro foco).
Ao mesmo tempo
recrutam e aliciam (a execução de jornalistas norte americanos, mais ameaças –
feitas num bom inglês, num inglês de ingleses ou norte americanos).
Apesar da
distância e da ameaça ao nosso próprio território devemos permanecer como se
nada fosse?
Esses
“ingleses” ou “norte americanos” que possamos encontrar “disfarçados” de
turistas num qualquer país árabe são de facto turistas? O turismo em países
como o Egito, a Turquia, a Tunísia a Terra Santa e outros sujeitam-se a um duro
golpe enquanto a ameaça não for eliminada.
Temos um escudo
protetor. A NATO, os nossos aliados, temos todos os países que nos separam do
Iraque até Portugal (não esquecer que Marrocos, está logo ali, mas para já
longe desse radicalismo fanático).
Mas podem esses
nossos aliados tranquilizar-nos? Bem sabemos que não há exercito dotado,
equipado técnica e tecnologicamente como o dos EUA, nosso melhor aliado. Também
a maioria dos exércitos europeus têm nível equivalente e também são nossos
aliados. O que temer, portanto? Alguma coisa?
Será que alguém
se atreve a desafiar tal poderio que não esteja condenado ao maior dos
insucessos? Quem vai para o mar prepara-se em terra, quer dizer quem vai
combater uma guerra, antes tem que ver quem é o inimigo, que armas tem.
Esperamos que
de facto, tirando as consequências que já são efetivas lá no território
iraquiano este problema não alastre.
O certo é que
outro candidato a disputar a hegemonia norte americana e aliada é novamente a
Rússia do senhor Vladimir Putin. Descaradamente e desafiadoramente para o mundo
invade a seu bel-prazer a vizinha Ucrânia. Anexou a Crimeia debaixo de estupefação
e apatia geral.
Nada se fez de
efetivo, nada se continuará a fazer de efetivo. Haverá guerras que mais vale
não as travar?
A época é de
perigo e de incerteza… e eras conturbadas como esta onde nos levam?