Surpreendente. Será? Donald Trump
derrota Hillary Clinton nas eleições norte-americanas. As sondagens, quase
todas as que foram publicadas anunciavam a vitória de Hillary… era encomendar
as faixas e lançar os foguetes antes da festa. Para quem confiou nas sondagens
sim, foi uma grande surpresa.
Mas o mundo em quase todos os
quadrantes geográficos foi emitindo sinais.
O tabuleiro da geopolítica sofreu
um abalo sísmico que parece ter fraturado os remendos com que se ia aguentando.
A primavera árabe foi algo a
parte? O Conflito russo – ucraniano? A expansão do Estado Islâmico?
O que dizer do Brexit? A quebra
de laços na UE, visível no egocentrismo dos países do Norte e Centro da Europa,
a fraca e frágil gestão dos problemas (ex. crise dos refugiados, crise
económica e financeira de alguns estados membros, …) problemas europeus, da
União. Demonstra uma fragilidade das lideranças. Isolar países, fragilizar
lideranças, sustentar políticas inaceitáveis perante o crivo da ética e da
humanidade, tudo isso aconteceu. Solidariedade, aliás um dos pilares do sonho
europeu, é que raramente se viu.
O povo em última instância é o
garante e o suporte das nações ditas civilizadas e com o seu voto decide. Julga
e julga bem, é o tribunal mais fidedigno.
Agora estamos todos receosos,
pessimistas. Mas quem criou o monstro? (Ainda nem sequer sabemos se há
monstro).
De facto, quando somos chamados
às urnas para exercer um direito (e um dever), o que acontece? Não vou! Para
que ir votar? Ganhe quem ganhar é a mesma coisa. É tudo farinha do mesmo saco.
Esquerda e direita não mais se distinguem. Querem todos é ir para lá. Resumi um
conjunto de comentários que se ouvem sempre que há atos eleitorais.
É um afastamento atroz. As
pessoas (o povo) está saturado, farto do mesmo de sempre. Então a mudança surge
como natural. O povo está a reagir. Hillary Clinton significa mais do mesmo, o
status instalado “feito” com as grandes multinacionais, “aberto” a esquemas
sombrios, à corrupção, ao tráfico de influências, …
Mesmo Portugal está saturado
desta crise. São milhões e milhões para salvar este banco e depois o outro e a
seguir mais um!! É o défice e a dívida. Tudo obra e graça destes políticos,
todos iguais, que querem é ir para “lá”.
O povo está revoltado e quer algo
diferente: a surpresa do Brexit, a surpresa do Syriza e de Tsipras na Grécia,
agora a surpresa de Trump nos EUA (mas com muitas outras surpresas já pelo meio
aqui bem na Europa). E um conjunto de outras meias surpresas (Marin Le Pen, o
Podemos e o Ciudadanos, o PAN, O Bloco de Esquerda de Catarina Martins e o PC
de Jerónimo a impor as regras a António Costa).
É claro que estas surpresas têm
acabado em meias surpresas. Gera-se como que uma institucionalização destes
vencedores surpresa, institucionalizados no sentido de serem mais do mesmo
(aquilo a que o povo foge). E com Trump? Será igual?