quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Equílibrio ou uma Questão de Pombas e Falcões

Desta vez as pombas levaram a melhor, quer dizer, Vítor Constâncio foi eleito pelos Ministros das Finanças dos países da União Europeia para Vice Presidente do Banco Central Europeu (terá a cargo a responsabilidade da supervisão dos mercados financeiros, área onde nem se saiu lá muito bem, pelo menos fazendo fé em tudo o que se disse e escreveu nos últimos tempos).
Causas e consequências:
No lado das causas, uma intensa negociação diplomática, deu frutos ao eleger o Governador do Banco de Portugal para um cargo apetecível no mínimo. Sinal também, no alinhamento de posições, para uma eleição ainda mais importante, a da sucessão de Jean Trichet, já em 2011. Trata-se de um jogo de equílibrios. Um equilíbrio Norte - Sul.
Os falcões conotados com uma ala (representada por países como a Alemanha, Luxemburgo, Bélgica, HOlanda, Áustria, ...) que defendem uma reação, nomeadamente, a qualquer indício de subida da inflação, principalmente, através da subida das taxas de juro (num endurecimento das políticas do BCE). Neste momento, aos índicios de uma recuperação da economia da zona Euro, defendem já uma retirada dos estímulos atribuídos na fase crítica da crise da economia, exactamente, como forma preventiva, para qualquer situação de inflação.
As pombas preocupam-se com o risco de estagnação económica e têm uma visão que sugere um caminho menos agressivo do BCE. Grécia, Chipre, Espanha, Itália, Portugal, neste alinhamento são conotados como pombas. Claro, ninguém assume estas imagens.
Perfilma-se como sucessores de Trichet o governador do Bundesbank, Axel Weber e o italiano Mario Draghi.
A eleição de Constâncio retira espaço ao italiano, no meio, considerado mais competente para o cargo. Mas a eleição de uma pomba agora, dita, no equilibrio da diplomacia a eleição de um falcão para o cargo de governador do BCE. E aqui a diplomacia alemã tenta carregar Weber para o cargo; é essa a jogada de Merkl; porém já existe um alemão no Conselho Executivo do BCE, Jurgen Stark. Alemães a mais dizem. A ver vamos...
O que os interessa mais, é termos alguém "infiltrado" no meio de decisão ao mais alto nível. Será Constâncio capaz de influenciar o que quer que seja? A economia do seu (o nosso) país está estremamente fragilizada.

Sem comentários: