terça-feira, 19 de outubro de 2010

O encerramento de escolas primárias e os mega - agrupamentos

A minha escola agrupou! Faz agora parte de um mega – agrupamento, um super agrupamento, que no seu total perfaz um total de 5 escolas e Jardins de Infância.
Pertencemos a um agrupamento que completa os desígnios governamentais de oferecer um serviço de educação dos 3 aos 80 anos, com ensino pré – escolar, ensino regular em todos os níveis de ensino, ensino profissional e educação e formação de adultos.
As escolas com menos de 20 alunos foram encerradas!! Muito se irá poupar…
Agora a questão principal. Será que estes desígnios governamentais são os mais acertados? Quem vai beneficiar com isto? Quanto se vai poupar? Com que custos? Pesaram-se os lados da balança?
Fundiram-se os órgãos de gestão, os serviços administrativos, paralelamente, reduziu-se brutalmente ao crédito horário, a DRE reduziu drasticamente no pessoal não docente (menos horas para tarefeiras e menos vagas para pessoal do fundo de desemprego).
Isso já afecta a escola.
Mas não se fica por aqui. As escolas do agora super agrupamento são diferentes, com culturas diferentes, hábitos diferentes, rotinas diferentes. Afinal sempre se pode dizer são meras rotinas, reajustem-se, mudem.
É um processo de aculturação, pelo modo mais grave e anti – natura, por imposição. A escola inserida numa realidade geográfica criou laços, aprofundou raízes, exibiu uma identidade e uma cultura própria ao longo de muitas décadas. Quem pediu este agrupamento, nós não fomos, isso é certo.
Imposição, demagogia, democracia!! Funciona a vontade da maioria, mesmo que não se faça jus à competência necessária, ao caminho lógico, a recomendações de inspecções gerais.
A escola trabalhava mal? Não, os relatórios, as inspecções provam que não.
Agora temos sede numa cidade, agrupamos a uma escola cuja lógica simples é o trabalho para as estatísticas. Os alunos da cidade poucos são os que não constituem um investimento pesado e medido pelas horas de explicações, pelo acompanhamento e protecção de pais habilitados para o efeito.
Pobre a minha escola, enquadrada pela simplicidade e inocência do mundo puro do campo, do meio rural, em que os miúdos, também alunos da escola, quando chegam a casa têm outros deveres a cumprir, que não os da escola.
Agora serão medidos, pesados pela bitola da cidade. Comparar o que não tem comparação. Passa-se do 8 para o 80, do 60 / 40 para o 90 / 10. A discrepância até podia ser outra, mas deveria ter uma preocupação: formar o aluno como homem / mulher, cidadão responsável e válido para a nossa sociedade.
O espírito das últimas reformas educativas transmite essa ideia… Outra é imposta… funciona… a lógica da maioria, daquela maioria que inquina a democracia, a que não quer ver, que não se interessa, que não tenta analisar, entender… a realidade.
Aculturação… forçada pela maioria.
Neste momento está difícil trabalhar… os professores estão desmotivados… cada vez mais! Impotentes, forçados a deslocações, só para tomar conhecimento, porque a maioria já decidiu que se deveria continuar com… as rotinas da escola com que agrupamos. Fomos engolidos, e a outra escola, é o bicho papão. Cada ano que passa mais tiros no porta-aviões da educação, está quase a bater no fundo.
Ironia, a outra escola, o tal bicho papão é uma escola óptima, excelente, noutras circunstâncias talvez todos tivessem o desejo de lá trabalhar… malditas as mega fusões.
Ao nível da classe docente, está instalado o caos e o desânimo, nos serviços administrativos paira o meda, a insegurança, o stress… e quem será o próximo contemplado com um bilhete de ida para a sede? Todos querem ir? Ninguém… Gato escaldado…
Ao nível das direcções fundidas? Um mar de rosas? Será uma pergunta com resposta simples? Será?
Muitas outras dúvidas persistem… Ficam para depois outros balanços.

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