O ato eleitoral do próximo dia 4
de Outubro aproxima-se rapidamente. Uma questão começa a sobrepor-se: em quem
depositar a minha confiança e o meu voto, para me governar (e ao meu país) nos próximos
4 anos? Qual o melhor projeto?
Ao analisar o projeto, devo fazer
uma análise individual (ver o meu umbigo), do grupo de pertença (profissão), do
impacto na região em que vivo, do país, ou tudo, no seu todo? Provavelmente
devemos pensar no todo, mas como não podemos anular a nossa individualidade
também é propositado fazer a análise mais egocêntrica (o meu mundo particular –
desde a família à localidade).
E como chegar a uma conclusão
limpa sobre estas grandes questões?
Por estes dias a «poluição»
política é notável. Televisão, rádio, redes sociais e internet, nas próprias
ruas por onde andamos, nos locais que frequentamos. A confrontação é evidente,
quiçá saturante, na opinião de muitos. Tal bombardeamento ajuda-nos a decidir?
Tanto alarido dar-nos-á a perceção e a visão de que precisamos?
Podia aqui fazer-se um parêntesis
e explorar mais a forma como as mensagens são transmitidas atualmente, mas
passamos à frente.
Ora então, o que é melhor para
mim e para o meu país? Quem me representa melhor? Quem elejo representa-me ou
ninguém me representa de facto? Ou será que me revejo em muitos projetos e
muitos me representam? Muitas questões importantes e respostas às vezes nada
simples de dar.
Não que isto seja de grande
ajuda, mas…
No meu caso, sou residente em
Chaves, círculo de Vila Real. Ultrapassando a parte egocêntrica (penso que sou
mal pago pelo trabalho que faço, que pago demasiados impostos locais e
nacionais, …). O que projetos políticos deveriam prometer sempre que nos
visitam à «caça» do voto? Quais são as grandes questões que afetam o dia-a-dia
desta região?
1 A regressão demográfica. Em
muitos concelhos e freguesias a estrutura etária evidencia valores de 70, 80 ou
mais por cento de população com 60 e mais anos de idade. Nestes locais já não é
possível implementar medidas de incentivo à natalidade, deixou-se passar o
ponto de não retorno. Não há já qualquer mulher em idade de procriar, portanto,
não há ninguém em condições de receber os incentivos que pretendem dar. Qual o
futuro destes locais? As aldeias já percebemos são para extinguir. O Que lhes
fazer quando já não tiverem ninguém?
O problema demográfico acarreta a
jusante outra gama de problemas desde económicos a sociais…
2 O envelhecimento. Muito
associado ao primeiro grande problema. Restam os idosos, os que ficaram
isolados, os que não puderam ou não quiseram mover-se. Precisam de dignidade,
devia prometer-se-lhes isso. Dar-lhe boa acessibilidade a cuidados de saúde, a
cuidados continuados ou paliativos, lares e centros de dia, … ou será um
investimento sem retorno?
Precisamos de melhorar a
acessibilidade à saúde numa lógica vertical.
Veio nos órgãos de informação
nacional que o hospital de Chaves está hoje cotado como um dos piores do país.
Quando se deram os mega-agrupamentos na
saúde o Hospital de Chaves perdeu a maioria das suas valências (resta cirurgia
e ortopedia), serviços certificados antes do agrupamento. Prometer abrir uma
extensão da Clipovoa ou da Trofa Saúde poderia fazer pender os pratos da
balança para algum dos lados nesta contenda eleitoral (Sei que isso são grupos
privados?) Mas o poder das gentes (e políticos) de qualquer local vê-se na sua
capacidade de mobilizar seja o que for, mesmo a iniciativa privada a
instalar-se e a vir para estas bandas.
- Economia / emprego / atividades
O que vai ser do interior?
Apostar-se no turismo? Temos
quase de tudo o que os turistas procuram. Começa a haver organização, mas ainda
falta fazer muito.
É positivo, mas insuficiente.
A Agricultura. Há pessoas que
apostam. Tradicionalmente somos uma região com histórico nessa atividade.
Como professor, posso afirmar que
quase nenhum jovem se revê nessa atividade. Não pelo medo ou incapacidade, mas
pelo futuro pessoal, pela parte lucrativa. Pouco informados?
Pelo menos as explorações agrícolas
demasiado parceladas e divididas em blocos pode ser que fiquem para quem vier
do exterior dedicar-se à atividade. Inviável, para já exceto nalguns poucos
nichos, dada a sua estruturação.
Industrialização? Não temos,
parece que isso não é para nós. Só a parte das atividades extrativas pura e
simples, sem mais valias.
Também temos os emigrantes… são
mais que muitos… Como os enquadrar?
Quem nos podia ajudar?
Estamos numa Europa, uma Europa
pouco solidária, que pouco se importa e pouco se esforça por dar condições de
igualdade (de direitos, salários, oportunidades…) a todos os europeus.
A Europa precisa lidar melhor com
o seu poder, a Europa ao invés até chega a potenciar as desigualdades, com o
caminho que leva.
A continuar assim, o seu caminho
não será muito longo.
Tentei ajudar, dar pistas, mas
provavelmente nada disto condiz com nenhum projeto de nenhum partido.
Inclusive dei-me ao trabalho de
questionar os meus alunos (de 14 /15 anos) sobre o assunto. Podia ser que as
suas visões nos sugerissem ideias:
Reparar estradas (que estão de
facto muito degradadas pela região toda); fazer reabilitação urbana (muitos edifícios,
alguns históricos degradados e a ameaçar ruína); fomentar o emprego; recuperar
o ensino superior para a cidade; tornar a A 24 novamente grátis (ou dar
novamente algumas passagens grátis); baixar impostos; dotar de serviços as
aldeias (em vez de os cortar) como forma de fixar população em idade de
procriar; criar estruturas diversas (um parque de diversões!) o qual seria um
mote complementar de apoio à organização da atividade turística.
Ficam algumas ideias, espero que
úteis até para confrontar os políticos que nos contactam e visitam.
1 comentário:
Voto em Ti, o que quer dizer que subscrevo o que foi escrito.
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