sábado, 11 de outubro de 2008

a crise como um ataque à classe média

A crise ainda outra vez!!
Outra perspectiva: Será esta crise o resultado de um ataque à classe média que ameaçava alguma "tranquilidade" de algumas elites por via de terem atingido um nível de conforto e de qualidade de vida já muito bons, e que supostamente apenas deveriam estar ao alcance de uns poucos?
Não deve ser isso, seria mau demais para ser verdade.
Mas toda esta crise começa com um severo ataque à classe média, pelo menos nestas paragens do velho mundo, com uma subida galopante das taxas de juro. Justificou-se com a necessidade de controlar a inflação, terá sido? Pelo menos com bons resultados não foi (?).
Esta linha de pensamentos pessoais já foi exposta, porém, a subida dos juros teve como condão amarrar uma corda à volta do pescoço de muitas famílias, que tinham a sua contabilidade controlada e de um momento para o outro, a expensas da Euribor, do Sr. Trichet ou outros, deixaram de ter, começou pelo crédito ao consumo, continuou no corte de outros bens, tipo vestuário, redução na alimentação, ... a última coisa é sempre o tecto.
Mas o corte no consumo teria efeitos demasiado previsiveis (menos produção, mais desemprego) num efeito bola de neve.
Terá sido ingenuidade? Serei demasiado lírico nesta visão?
O modelo criado pela economia de mercado foi paulatinamente assentando na classe média e na sua capacidade de controlar as suas finanças (e os seus créditos).
Aumentaram-se as taxas de juros retirou-se liquidez às familias. E o modelo económico actual assenta neste pressuposto: liquidez das familias (especialmente da classe média). Os bancos têm dinheiro porque as familias (a classe média tem dinheiro), os bancos e as seguradoras prestam serviços e créditos porque as familias têm dinheiro (a classe média tem dinheiro), ... e assim sucessivamente. Aumentando as taxas de juros parou esta correia de transmissão.
Agora o BCE corta as taxas de juro em 0,5 % !! Medida desesperada e impensável há uns meses
(a subida das taxas de juro manteriam a tendencia até 2009 e só começariam a descer lá pa 2012, segundo previsões de uma economista que consultei à uns tempos atrás).
Ainda vem a tempo? A Euribor para já tarda em reagir.
Foi um paliativo para um doente que vem um pouco tarde, mas os efeitos poderão ser beneficos para retomar a confiança num novo auto controlo das finanças familiares. Essa é a chave: dar o controlo às familias das suas finanças particulares.
(Aqui realce para o erro que foi a subida inesperada galopante dos juros - nem as agencias bancarias estavam preparadas, a informação prestada não foi correcta (ou adequada), e os objectivos traçados foram incomportaveis, para a realidade que desabou, depois o credito facil, assim como a publicidade agressiva ao credito facil e total, arruinariam certamente agencias financeiras - bancos, investidores ... num ápice).
E agora, surge um advento em que a base do sistema financeiro deixa de depender da classe média (das familias).
Não me parece que haja condições, pelo menos neste momento.

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