segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Planos Mudados

Sabemos como o plano e o planeamento estão na moda. Uma arte e uma ciência fazer um plano que resulte, que funcione, que tenha aplicação.
Quando isso não acontece o plano é substituido por outro melhor, e então esse que nem chega a ver a luz do dia é arquivado numa gaveta ou endereçado ao ecoponto azul. Mas há ainda os planos que são optimos, até excelentes e que nunca chegam a vias de facto; nesses casos entram em acção os poderosos lobbys e com a sua influência e poder o plano é alterado em benefício próprio.
Deveria ser realizado um estudo, de modo a dar um pouco de ar a esses planos mudados ou arquivados e tentar quantificar ou modelizar territórios, cidades, vilas ou aldeias, que ganharam ou o que perderam por via de seguir planos alternativos.
Conta-se a história da construção da linha férrea, a então linha do Corgo (extinta em 1991) que deveria seguir um trajecto, servindo as localidades com mais população, embora tivesse que serpentear rios e montanhas; porém, determinado oficial do exército real (ainda estavamos na monarquia) e que era natural dessa reagião e como constatasse que a linha não atravessava a sua localidade moveu mundos e fundos, usou a sua influência e poder e conseguiu alterar o traçado. Enfim, esse plano mudado foi a sentença de condenação de um conjunto de localidades, mais isoladas, hoje em dia em dificuldades para sobreviver, a contas com reduzida dinâmica, elevado envelhecimento, emigração,...
Enfim, os tempos mudam, a realidade sempre a mesma, agora era das auto - estradas; desta vez os lobbys são as empresas de extração de granito...
Haverá sempre forças... de bloqueio? pelo menos mudam-se os planos... a "natureza" encontra sempre caminho!

1 comentário:

barbadaes disse...

Subscrevo inteiramente o teu comentário.
Os lobbys são uma teia de aranha ardilosamamente tecida e que ditam planos e estratégias, pelas quais, nós cidadãos anónimos, temos de nos seguir.
E com isto se vai perdendo a essencia de terras, de lugares de pessoas, que se vêm perante a difícil decisão de ter de abandonar as suas origens. Faltam os recursos, as infrastruturas, o trabalho direcionado para as pessoas, e não para eles próprios que os levem a fixarem-se e não a deslocarem-se.
A Linha Férrea do Corgo, ainda penso porque foi extinta, e por mais que me digam quais foram, os alegados motivos, continuo sem percebe-los...
Era o lucro?
Ao invés de terem destruído essa fabulosa linha/trajecto não teria sido bem melhor terem adoptado respostas concertadas no sentido de responder às mudanças que a situação, da altura, exigia?
Mais fácil foi extingui-la, favorecendo as empresas de transporte Rodoviário?
E pronto, nós povo ficamos a assistir, sem nada fazermos...?
Recordo o troço maravilhoso, serpenteado, por rios, montanhas, serras e paisagem de tirar o fôlego, que essa Linha representava... essa Linha, a Linha do Corgo.
Agora temos uma ciclovia...
Podia ser pior...
Mas porque destruir o que já foi construído, porque desvalorizar os nossos antepassados e o trabalho deles?
Não será importante ensinarmos às gerações vindouras valores como respeito, preservação, aprendizagem etc?
Porque eliminar a nossa histórias, as nossas memórias?
O desporto é muito importante, sem dúvida, mas porque não fazer o traçado da ciclovia noutro local, de acordo com um plano economicamente e ambientalmente sustentável?!
Temos um potencial enormíssimo no nosso Concelho que devemos aproveitar respeitando o ambiente, a natureza que é esse mesmo potencial.

Renata Lage